segunda-feira, 30 de julho de 2012

'Minha mãe também foi empreguete', diz Lázaro Ramos

Logo que começo a navegar pelo site uol essa manchete despertou meu interesse.O ator destaca com orgulho  a profissão de sua falecida mãe: empregada doméstica. Eu também já fui "empreguete" .
Quero somente expor minhas reflexões sobre tal assunto.De início  cito a  novela global Cheias de Charme que  põe em foco essa profissão tida como inferior a exemplo do gari e outras que essa sociedade põe a margem.Se antes a teledramaturgia apresentava domésticas negras, após críticas e protestos, hoje  elas são domésticas  também de cor branca e bonitas  e talentosas.Nessa novela em especial, a rede Globo tratou de evidenciar que a profissão não é característica à etnia negra e que uma doméstica é capaz de sair do anonimato e brilhar sobre os holofotes do sucesso. "Toda profissão é honrosa",dizem. Quanta hipocrisia.Qualquer empregada doméstica  já sentiu na pele o preconceito e o deboche da sociedade com essa classe trabalhista que deriva do sistema escravocrata.Eu mesma sentia um certo ar de lamentação e reprovação das pessoas  quando dizia ser doméstica.


Diferente de qualquer função trabalhista, como por exemplo as profissões de elite:advogado, médico, engenheiro profissões do cume da pirâmide trabalhista, o  serviço doméstico, é a alternativa para analfabetos, negros e pobres.Afinal dizem: " não é preciso ter nenhum grau de instrução para exercer tais profissões, o  que importa de verdade é a força física para executar tais serviços". 
Não importa os nomes: mucamas, serva,criada ou  doméstica; estas profissões foram e são o meio de sobrevivência de muitos que não tiveram oportunidades diversas e se tiveram ,a cor da pele e sua condição social não as  favoreceu .Não quero aqui dizer que todas as domésticas não gostem do que fazem, entretanto como em qualquer outra profissão, ás vezes trabalha-se contra  a vontade, caso contrário a coisa fica feia. A dívida com essa categoria trabalhista, que como qualquer outra é necessária, é altíssima.Lembro-me que antes do termo empreguete, que muitos confundem com periguete (rsrssr) que é outra coisa, as domésticas passaram a ser chamadas de secretárias do lar, o que não agradou muito as secretárias executivas e por aí vai. "Onde se viu chamar essas de secretárias? eu que estudei para isso é que mereço esse título", diziam as revoltosas secretárias. E a meu ver o termo não pegou; continuam a chamar de doméstica, empregada, " menina lá de casa", e agora empreguete, e ainda  o termo pejorativo "piniqueira", aquelas ou aqueles que se esmeram no zelo de suas casas, e que tudo vê e escuta.Nenhuma outro profissional   sabe tanto,mas tanto  de suas patroas e patrões.Por ser uma profissão ainda desvalorizada, embora tenha passado por mudanças, ser doméstica nesse país significa ganhar pouco e não ter prestígio nenhum.Não será essa novela que mudará esse quadro.Enquanto as leis trabalhistas não  beneficiarem esses profissionais de forma integral, essa função continuará sem valorização e o respeito equivalente às outras ocupações trabalhistas. Até quando vamos tratá-los assim??

Ivin Santos

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