quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ipea: País precisará de 20 anos para erradicar o analfabetismo

O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) informou nesta quarta-feira que uma estimativa registrada com base na Pnad 2008 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) aponta que o Brasil pode precisar de pelo menos 20 anos para conseguir erradicar o analfabetismo no País. "A exclusão brasileira vem de um período muito longo. Temos um problema de um passado de uma dívida social enorme", comenta diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abraão.
A taxa de analfabetismo, resumida pela definição internacional como a inabilidade de ler e escrever um bilhete simples, chega na população brasileira à casa dos 10%, o que representava, em 2008, aproximadamente 14 milhões de pessoas. A cifra é mais elevada que países sul-americanos, como Chile e Argentina, mas, nos últimos 16 anos, tem tido redução média anual de 0,45 ponto percentual.
Mesmo com essa diminuição, diz o Ipea, a se manter essa velocidade, a escolarização das cerca de 14 milhões de pessoas hoje analfabetas só deverá ocorrer dentro de 20 anos. A região Nordeste apresenta o maior patamar de analfabetismo, com um índice o dobro da média brasileira, ao passo que os mais pobres têm taxa de analfabetismo dez vezes superior (19%) à faixa mais rica da população (1,9%).
"O Brasil tem conseguido diminuir a taxa de analfabetos mas ainda é uma taxa muito grande, são 10%. Nessa velocidade que vamos de melhoria, vamos demorar muito tempo", diz Abraão.
Na avaliação de técnicos do Ipea, a redução - ainda que pequena - das taxas de analfabetismo não são resultado de políticas públicas, e sim da alfabetização da população mais nova associada à morte dos idosos que não sabem ler e escrever. Estudo sobre o Pnad 2008 feito pelo Ipea aponta para a "ineficácia dos programas de alfabetização de adultos", provocada sobretudo pela baixa cobertura dos adultos analfabetos e pela baixa eficácia de conseguir alfabetizar os matriculados.

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